3 de novembro de 2005

OURO PRETO

Uma coisa é certa: os nossos antepassados comuns deveriam ter uns músculos de perna capazes de impor respeito. Ouro Preto edifica-se sobre colinas íngremes. Na verdade, desconfio que as igrejas foram puxadas inteiras lá para cima com cordas, antes de ficarem em equilíbrio durante séculos.
O conjunto monumental é impressionante. Mais uma vez seria difícil encontrar no país-origem igrejas tão bem construídas ou tão ornamentadas. Afinal, nem todo o ouro fez a triangulação histórica em direcção a Inglaterra. Uma boa parte ficou por cá, colada aos altares e à decoração das capelas. E ainda bem.
As estátuas do Aleijadinho impressionam sobretudo pelo olhar. Não é preciso ser vidente para reconstituir o rosto do artista. Ele repete-se imagem após imagem. O mesmo olhar cansado e descrente. A mesma decepção com a vida terrena. Até a pose distorcida de muitas figuras nos remete para o seu autor.
Outro problema de Ouro Preto é a comida: é boa de mais. A comida mineira em todo o seu esplendor. Do feijão tropeiro aos assados, da galinha caipira a... sei lá a quê! A tudo.
Nossa senhora das dietas me proteja.
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